domingo, 23 de dezembro de 2007

INOVAÇÃO


Muitas empresas reconhecem que a inovação é fundamental para se tornarem competitivas num mercado de constante transformação, mas ainda é pequeno o número de empresas que trabalham pela inovação. É preciso superar o medo de ousar e procurar usar a capacidade empreendedora em busca de coisas novas, mesmo que estas pareçam impossíveis. Inovar é pensar o utópico e transformá-lo em lógico. Einstein dizia que “se, na sua formulação inicial, uma idéia não parecer absurda, ela provavelmente não é uma idéia inovadora.” A inovação, portanto é fruto da criatividade. A criatividade é o meio, o processo e não o produto. Ou seja, é necessário que se tenha um raciocínio criativo para produzir idéias novas que vão gerar coisas novas ou inovação. Para Schumpeter apud Rèvillion e Padula (2001) a inovação surge da “nova combinação” de materiais e forças na produção, o que engloba a introdução de novos produtos, adoção de novos processos (de produção ou distribuição), abertura de novos mercados, acesso a novas fontes de matérias-primas ou insumos e o estabelecimento de uma nova estrutura setorial. A tecnologia pode ser conceituada como um “conjunto ordenado de conhecimentos científicos, técnicos, empíricos e intuitivos empregados no desenvolvimento, na produção, na comercialização e na utilização de bens ou serviços”. (Valeriano, 1998). A estratégia tecnológica é a forma pela qual a empresa irá produzir; que técnicas serão aplicadas tanto na produção final como nas atividades de apoio e, ainda, como a tecnologia será obtida (licenciamento, produção própria, programas de capacitação de recursos humanos, etc.). MACHADO (1995). Em função das características do atual ambiente de negócios, a busca e a prática da inovação passam a ser uma necessidade imprescindível para que as organizações possam encontrar os mecanismos mais adequados para conduzir as suas operações e, principalmente formular e implementar suas estratégias. Os conceitos e modelos de inovação tecnológica têm como um de seus principais precursores, o economista Joseph Schumpeter, o qual observa que a inovação cria uma ruptura no sistema econômico revolucionando suas estruturas produtivas e criando fontes de diferenciação para as empresas. Para Schumpeter (1982) a inovação tecnológica pode ser considerada como a principal dinamizadora da atividade econômica e determinante do desenvolvimento.
Considerando a competitividade empresarial como a capacidade de a empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais que lhes permitam conservar, de maneira duradoura, uma posição sustentável no mercado (COUTINHO & FERRAZ, 1995). Resulta daí a compreensão de que para uma organização gozar do atributo da competitividade, imprescindivelmente necessita ser percebida como detentora de uma vantagem competitiva decorrente, por sua vez, da capacidade que têm seus produtos de gerar valor para os clientes. Este valor pode ser gerado tanto pela diminuição do custo ao cliente proporcionado pelo produto, quanto pelo aumento do seu desempenho (PORTER, 1991). As definições supracitadas tratam de elementos ou fatores que exercem influência, direta ou indiretamente, no desempenho das empresas na busca permanente de uma posição favorável no mercado.
A cidade de Santa Cruz do Capibaribe, no agreste pernambucano, é referencial de empreendedorismo e sucesso no setor de confecções por oferecer produtos de qualidade a baixo custo. A atividade voltada à produção de roupas surgiu com o aproveitamento das sobras de tecidos de fábricas têxteis existentes na cidade e em municípios vizinhos. Na década de 1960, mulheres transformavam o que as fábricas desprezavam, em almofadas, colchas de retalhos e capas para assentos de caminhões. Com o passar dos anos, aquilo que era lixo foi, aos poucos, dando espaço a peças simples de vestuário. A economia se desenvolveu e a produção aumentou, a partir daí, surgiu a necessidade de expandir os produtos para outros mercados. Segundo Fred Maia (Sindivest - PE, 2004), “Quando os empresários trocaram suas máquinas domésticas por industriais, o produto de Santa Cruz passou a ter acabamento e qualidade de produto industrial.” Com a abertura do mercado brasileiro para as importações livres de taxas, a confecção santa-cruzense sofreu uma queda na sua economia, mas conseguiu assegurar-se no mercado buscando novas formas de melhorar a qualidade e se manter competitiva perante os produtos chineses. A feira da sulanca*, como se tornou conhecida em todo o país, que antes era espalhada por mais de 20 ruas do centro da cidade, hoje está organizada no Moda Center Santa Cruz, localizado a 3 km do centro, considerado o maior parque de confecções da América Latina, com uma estrutura de 320 mil m² de área total, 80 mil m² de área coberta, maior que a do Anhembi em São Paulo, 6.208 boxes de feira e 528 lojas, estacionamento para mais de 3.000 veículos, quatro praças de alimentação com um total de 28 restaurantes e 116 lanchonetes, caixas eletrônicos, seguranças, oito conjuntos de sanitários com 179 gabinetes, dormitórios com 2.000 leitos e área de show para 50.000 pessoas. Em breve, terá essa capacidade aumentada. Apesar do Norte e Nordeste serem os mercados para onde mais se destinam os seus produtos, o mundo também tem se rendido à moda de Santa Cruz. Algumas empresas já exportam para mercados como Estados Unidos, Europa e África.
A importância da inovação tecnológica nas empresas é um fator relevante para o sucesso organizacional no sentido de propiciar uma vantagem competitiva com perspectivas de mudanças que resultam na inovação dos produtos, processos e práticas organizacionais adequadas. Um diagnóstico feito numa empresa de confecções constatou que a inovação tecnológica apesar de ser valorizada pela empresa, ainda não está presente de forma efetiva que apresente resultados significativos para sua competitividade no mercado. Contudo, é importante ressaltar que alguns aspectos de inovação tecnológica já fazem parte das decisões estratégicas da empresa.

(* A versão para o termo Sulanca é a de que se trata de helanca vinda do sul. Surgiu na década de 1960, quando os comerciantes José Morais, Manuel Francisco de Deus, além de algumas familias tal como a Monteiro, começaram a fabricar e vender, em Santa Cruz do Capibaribe, as primeiras peças de vestuários, utilizando retalhos de helanca trazidos de São Paulo, além do próprio tecido.

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Sulanca")